Fabiana Arreguy, repórter da CBN

Fabiana Arreguy compartilha histórias e bastidores do rádio

A velocidade da informação é a marca registrada do rádio, um dos veículos de maior aproximação com o público. Nesta entrevista exclusiva concedida ao Informativo da Com Você, a jornalista Fabiana Arreguy conta sobre os bastidores do rádio, o processo de seleção de notícias e ainda dá dicas de como o entrevistado deve proceder durante uma entrevista ao vivo.

CV: O que é fundamental em rádio para fazer uma informação virar notícia?

FA: Basicamente a rapidez com que a informação é disponibilizada ao ouvinte. Assim como em outros veículos de comunicação, é notícia aquilo que tem apelo, o inusitado, o diferente, o que atinge um maior número de pessoas. Por isso, escândalos, denúncias e casos "escabrosos" acabam tendo mais espaço na mídia. Para competir com o poder da imagem da TV e com a possibilidade analítica dos veículos impressos, o rádio precisa ganhar em agilidade, trazendo a notícia de forma concisa e rápida.

CV: Quais os critérios utilizados em rádio para selecionar uma pauta ou um entrevistado, já que a notícia desse veículo é mais rápida, direta e geralmente não utiliza mais de uma fonte, como no jornal impresso, por exemplo?

FA: As rádios, em geral, pesquisam para qual público estão falando. As pautas são pensadas para atender a esse público-ouvinte. Há notícias universais, que interessam a qualquer faixa etária e social. Essas têm cobertura total. Há outras que atendem especificamente ao público-alvo e são tratadas da mesma forma, com matérias produzidas pelos repórteres, entrevistas conduzidas pelo âncora (no caso da CBN) ou ainda com colunas e comentários especiais. Para a escolha de um entrevistado, conta mais que tudo, para nós, que ele represente uma categoria, um setor ou uma entidade que seja referência incontestável no assunto. É fundamental também que seja uma pessoa com facilidade de se comunicar, que não seja prolixo, que passe o recado de forma acessível a qualquer ouvinte.

CV: Se uma notícia, por exemplo, é referente a um assunto mais técnico e, portanto, direcionada a um setor específico, ela também tem espaço?

FA: Na CBN, sim. A rádio tem a característica de poder se dedicar a assuntos técnicos e específicos em entrevistas mais analíticas. Há espaço desde que o assunto seja palatável aos ouvintes, que mesmo sem ter interesse direto, podem se interessar pela pauta.

CV: Na TV, temos o áudio e as imagens; no jornal, as fotos e a escrita. No rádio, contamos apenas com o áudio. Há alguma dificuldade em narrar algum tipo de fato e, por outro lado, há alguns assuntos que são mais favorecidos? Como o jornalista deve proceder?

FA: Sim, há matérias que pedem a imagem. Casos de flagrantes que não poderiam ser explicitados através da fala, por exemplo. Filas em hospitais, perueiros furando o cerco da fiscalização e confrontos entre grupos, por exemplo, são assuntos cobertos no rádio, mas que perdem muito para a TV. Quando isso acontece, o repórter, que narra o fato in loco, é o único trunfo do rádio. Cabe a ele ser os olhos e ouvidos do público, descrevendo o ambiente e a situação de tal forma que o ouvinte consiga se transportar ao local.

CV: Você poderia dar algumas dicas para os nossos clientes que, muitas vezes, são fontes de informação? Como eles devem proceder em uma entrevista no rádio? Como devem se comportar e o que devem evitar?

FA: Antes de tudo, o entrevistado deve ter segurança em relação ao assunto sobre o qual vai falar. Ele nunca deve levar cola por escrito do que irá responder, pois a entrevista pode tomar outro rumo e ele acabará se perdendo. Muitas vezes, a entrevista é feita por telefone, portanto, procure um aparelho fixo e, se isso for impossível, certifique-se de que a bateria do celular está completa. Não caminhe ou se mova do local para que o sinal do celular não falhe. Se confrontado pelo entrevistador de forma que considerar grosseira, o entrevistado não deve entrar nesse jogo e deve, sim, manter a calma, a assertividade, não se deixando cair em armadilhas bobas. É interessante tentar ser amigável, conquistando o entrevistador e o público, sendo natural, nunca dando respostas evasivas, ou monossilábicas (sim, não, é), ou seja, deixando a entrevista fluir como se fosse um bate-papo, uma conversa. Com certeza, quem ouve uma entrevista assim se interessa.

CV: Você se lembra de algum caso engraçado ou alguma gafe que já tenha cometido no ar?

FA: O bom ou o ruim do rádio ao vivo é a possibilidade de que erros aconteçam. É claro que nós, os entrevistadores, erramos e cometemos gafes, às vezes, até sem perceber. Não me lembro, graças a Deus, de nenhuma gafe grave que tenha cometido. Mas nunca me esqueço do dia em que chamei o repórter Itamar Mayrink pelo nome do ex-presidente Itamar Franco! Ele levou muita gozação dos colegas de rua.

CV: Com relação à internet, a CBN possui um site. Vocês produzem algum conteúdo no rádio pensando nisso? Qual a participação dos ouvintes por meio desse meio?

FA: A Internet tem sido uma ferramenta essencial para nós. Na página da CBN, é possível ouvir os programas e assistir às imagens do estúdio de São Paulo, o que atiça ainda mais a curiosidade do ouvinte. Nos blogs dos programas e âncoras, o público participa ativamente, dando opiniões, sugerindo pautas e criticando o que não gosta. Não há uma produção específica para o site. As pautas definidas para as rádios regionais e afiliadas são direcionadas para o site; há uma equipe responsável específica para isso. O conteúdo do que entra na página é definido pela direção nacional de jornalismo da Rádio CBN.

 
 

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